Literatura de Cordel

Há muito tempo tenho convivido com a literatura de cordel... O meu avô, nordestino de Itabaiana, foi alfabetizado com as cartilhas de cordel. Como essa cultura fazia parte de seu dia-a-dia, isso acabou sendo incorporado na criação dos netos... Quando crianças ouviamos a nossa Vó (Lígia), contar as histórias da Fuzela-Fizila, do Bom Comedor e do Jeguinho que cagava ouro! rsrs Bons tempos... Além disso, ainda havia os nomes do meu avô: um de importação e outro de exportação! (Ainda contarei essa história por aqui)
Com o passar dos anos e já como aluna de Comunicação, descobri que na realidade a Literatura de Cordel, possui sua parcela "comunicadora", como os demais veículos de comunicação que temos em casa: a tv e o rádio!
Durante muito tempo a literatura de cordel foi o único meio de comunicação do nordeste brasileiro. Ela levava a informação para a população interiorana e analfabeta, e o repentista acabou se tornando o principal veículo através do qual as informações se disseminavam.
Cantadas em forma de verso, as informações do que acontecia nas capitais Rio e SP, ou melhor, no "sul", eram repassadas de vila em vila, sempre acompanhada de uma boa viola e de muitas rimas. Claro que a informação não era veloz, como as nossas notícias "on line"!... Algumas notícias demoravam semanas e até meses para chegarem em determinadas vilas... Eram levadas em lombos de mulas e cavalos, dentro dos alforges e da cabeça dos cantadores...
As semelhanças da Literatura de Cordel com os demais meios de comunicação não se encerra apenas na transmissão da informação... Ela também, entretem e diverte!
Hoje essa cultura está restrita ao nordeste e poucos são aqueles que ainda a apreciam. Muitos graduandos de comunicação, nunca ouviram falar dela ou não deram a devida importância como meio de comunicação.
Quem sabe um dia, algum político realmente preocupado com a cultura do nosso país, não transforme a linteratura de cordel em Patrimônio Cultural!
Espero sinceramente que essa cultura não se perca em meio às novidades tecnológicas, para que outros possam apreciar e se divertir, no futuro, com versos do Cordel como eu e muitos outros nos divertimos.